Cep podcast

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pelo reggae do caminhar na Doutor Arnaldo

sem entender se é noite ou dia, sou a procura das janelas

erguidas diante da floresta (o talho de sua falsa premonição)

o não saber competir destes muros de cemitério

contra o asfalto da avenida (desintoxicado pela sinalização)

contra o cinza ilusório das fachadas do Hospital de Clínicas

contra a carga daninha de seus prédios sumida na cerração

contra a margem-litorânea na lataria das bancas de flores

seu colorido-prainha moldado para acompanhar a vida

pronto para acompanhar a morte –

sem irmãs, o antirreggae da zona oeste de São Paulo

a sonoplastia da ferragem dos automóveis

ocupando as pistas e produzindo uma harmonia

que inexiste na vida – sou a antena, a triste providência

da linguagem, velha, ainda ansiosa por ser poeta

o passo da nova dança que de si logo será perdida

dentro do tempo e seu caminhar

na cal da minha pele e no meu código postal

(plasticidade, maldita siamesa)

esse tempo que juram ser vaso, mas revolta

não perde sua ardência florestal

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